A exposição ‘Um lugar de um mundo novo’, de Francisco Laranjo, é uma pequena viagem sobre a relação do seu trabalho com o Douro - região que sempre transportou na sua obra. Esta exposição foi integralmente preparada pelo artista, e os filhos Francisco e Gonçalo quiseram cumprir a intenção do pai de concretizar a mesma, proporcionando uma janela para uma carreira com quase cinco décadas.
Amigo Adriano Lacerda,
As palavras embargadas que te direi são uma enorme comunhão de sentimentos.
Quando jovem eras um desportista e um companheiro muito apreciado e respeitado. Cada um de nós seguiu o seu caminho. Não esquecendo as nossas raízes, formou-se a Associação dos Antigos Alunos do Colégio de Lamego em 31 de Março de 1982 que tu Adriano foste um dos 25 ilustres fundadores. O objetivo era estabelecer os laços de proximidade e afeto entre a nossa geração e as que a antecederam e sucederam.
Foram criados os corpos sociais com várias direções, que se refundiam por cada três triénios, procurando prestigiar o nosso nobre Colégio, sempre sob a bênção beneditina. Todas elas tinham um denominador comum, Portugal, Venâncio e tu meu querido e grande amigo.
Durante quase 40 anos serviste com entusiasmo, competência e espírito de sacrifício as tarefas que tão bem desempenhavas.
Todos sofremos a tua perda, eu perdi um dos melhores amigos que a minha vida me deu; havia uma grande cumplicidade, um exemplo de como deve ser vivida uma amizade.
À tua família não tenho palavras que a reconforte. Margarida sua companheira de uma vida, seus filhos Daniel e Gustavo, suas netas que tanto o amavam, estão a sentir um desabar de sonhos que os tornam infelizes, sentindo uma inconformada saudade que perdurará por muito tempo, só minorada pelo orgulho de terem como marido, pai e avô um homem bom, com coração simples, de uma pureza e grandeza que ficará para sempre na nossa profunda memória.
Manuel Pinto de Sousa
12 Maio 2020
(Antigo aluno)
Amigo Lacerda,
Saiu do nosso convívio físico o Amigo Lacerda, o Nini, como carinhosamente era tratado por quem mais bem lhe queria. É mais um dos nossos, de entre os melhores, que nos entra, dolorosamente, para o espaço vivo da memória comum, vendo-o com os olhos da alma, com o sorriso do enlevo e com o encantamento da amizade. Vais ter, no firmamento dos homens bons, um lugar privilegiado de lanterna com que nos sentiremos iluminados pelo teu exemplo e pelo teu espírito.
Logo que me chegou a notícia do seu falecimento, escrevi: "Deus está feliz por te ter ao Seu lado. Grato pela lição de vida". Celebro, com estas singelíssimas palavras, a singularidade da forma como conduzias a vida e a simplicidade como cultivavas afetos, num convívio sereno, compassado, sem alardes, a todos envolvendo com a candura dos teus gestos, com a permanente disponibilidade, com a subtil e aconchegante presença.
O percurso de vida do Amigo Lacerda foi muito para além do longo e esforçado exercício de funcionário público na Câmara Municipal de Lamego ou, durante cerca de catorze anos, de empregado da secretaria do Colégio da Ortigosa, funções, umas e outras, que cumpriu com absoluta seriedade, com reconhecida capacidade e competência, com honroso comportamento, com o prazer do dever posto ao serviço dos outros e com a simpatia que todos lhe apreciavam.
Por entre tudo o que fez, no contacto com os outros e no desenvolvimento dos projetos comunitários, percebia-se, como matriz essencial, a manifestação concreta e espiritualmente elevada do Amor. Ele amava, acima de tudo, a família, a Igreja, a Cidade e suas instituições que serviu, o Colégio de Lamego, afinal, realidades que, de alguma forma, se constituíam igualmente Família.
Foi na vertente de Amor ao Colégio que mais se cruzaram os nossos interesses comuns e tanto colaborou comigo, como com todos os que foram tendo essa Casa de formação, de educação e de devoção como parte da sua vivência e trabalho. Entusiasticamente acompanhou, na linha da frente, a criação e o desenvolvimento da Associação de Antigos Alunos do Colégio de Lamego, ao longo dos seus mais de quarenta anos de existência, partilhando a sua devoção com a minha, mais de perto, na última década, em que, comigo, pertenceu à Direção. Tanto entusiasmo, tantas grandes e pequenas tarefas!
O Lacerda, o Amigo Lacerda, foi, antes de mais, isso mesmo: Amigo. Elevava ao expoente máximo as caraterísticas da seriedade, do respeito, da solicitude, do trabalho, da lealdade.
Sem vaidades. Com desarmante doçura. Era preciso fazer, o Lacerda logo se predispunha a fazê-lo, qual formiguinha laboriosamente compenetrada, nunca deixando para o dia seguinte o que podia acontecer no próprio dia, ou, mesmo, se isso fosse humanamente viável, no dia anterior.
Respeitado e querido por todos os que tinham o privilégio de o conhecer e de com ele tratar, a todos devolvia o respeito e o afeto, fazendo questão de o demonstrar em todas as ocasiões e também no último momento de cada um, não faltando ao funeral de ninguém.
Se quisermos realçar, entre tudo o mais, a dedicação e o amor ao Colégio de Lamego, basta atentar no facto de, quando, há cerca de quinze dias, foi internado, ter pedido para lhe levarem apenas três livros: as duas Histórias do Colégio, do Padre Matias e do Padre Jorge e o "Outra Vez Coimbra Minha", de Camilo de Araújo Correia, que eu próprio lhe oferecera.
Amigo Lacerda: Deus deu-te o alívio da morte, porque Deus é dádiva, é Amor. Neste mês de Maria, Senhora de Fátima, Senhora dos Remédios, Senhora da Misericórdia, despediste-te da vida de peregrino na terra, mas, estou certo, acedeste à imortalidade de quem, por obras, por feitos, por exemplos e por elevado espírito, acaba de se tornar eterno. Choro por ti, Companheiro. Até à eternidade, Amigo.
Peso da Régua, 12 de maio de 2020
José Alberto Soares Marques
(Antigo aluno)
"Aqueles que ensinam a justiça brilharão
como estrelas por toda a eternidade" (Dan. 12,31).
Adriano Francisco de Almeida Lacerda
O homem e o amigo
O Lacerda, como era conhecido, frequentou o Colégio de Lamego, na década de cinquenta, sendo orientado pelo Dom Vicente, diretor da época, toda essa geração guarda um respeito "sagrado", ao seu Mestre.
Foi aí, que se começou a forjar o homem e o amigo, foi aí, que se começou a construir o homem de bem, honesto e amigo do seu amigo. São estes valores que ao longo de toda a sua vida vai praticar, mesmo quando esse agir, lhe vai causar inimizades e dissabores.
São estes valores, nos quais sempre acreditou, que transmitiu aos seus filhos, também eles ex-alunos do Colégio de Lamego, campeões de voleibol, que muito o orgulhava, porque também ele, no seu tempo, for a jogador de voleibol, e nesta circunstância acompanhava esta atividade do Colégio.
Ao longo da sua vida, serviu a cidade de lamego, nas várias agremiações tais como: Bombeiros, Associação de Voleibol de Lamego, sendo um dos seus membros fundadores, Patronato Nuno Álvares, Santa Casa da Misericórdia de Lamego, são algumas da sua intervenção cívica.
Foi este homem simples, dedicado, modesto e humilde, respeitador das tradições do Colégio e de disponibilidade total, para tudo aquilo que fosse preciso fazer.
Na sua simplicidade, na sua alegria em servir, era o irmão "útil", foi isto que caraterizou o viver do amigo Lacerda, obrigado, pela tua lição de serviço e disponibilidade.
Conheci-o, primeiro como pai, preocupado com a educação dos seus filhos, que seguia atentamente, era exigente com o seu comportamento, mas sempre compreensivo.
Mais tarde, depois de reformado da tesouraria da câmara, como cooperador na secretaria do Colégio, juntamente com o Pe Gonçalino – Dom Tomás – como carinhosamente o tratava. Era de trato fino, fácil, sensível. Tudo o que fazia tinha de ser perfeito.
Depois mais tarde, devido ás funções que exerci, como elemento ativo da Associação dos Antigos Alunos, sempre trabalho de sombra, simplicidade e humilde, a mesma disponibilidade, a mesma alegria em servir, sem nunca regatear fosse o que fosse, para proveito próprio.
A última faceta do seu serviço, nas eucaristias de domingo da Igreja das Chagas, sempre atento, para que tudo corresse bem, e nada falhasse.
Amigo Lacerda, partistes, deixastes saudade e um vazio difícil de preencher, mas lá do alto, porque acreditamos que serás recompensado pelo bem que fizestes, lembra-te dos teus amigos, que ainda peregrinam cá por baixo, para que seu caminhar, seja de paz e harmonia.
Descansa em paz, AMIGO!
D. Avelino Silva, OSB
(Antigo aluno)
Amigos associados da A.A.A.C.L..
Faleceu ontem o antigo diretor da nossa associação, o prestigiado Eng. António Maria Meneses Nogueira, que me acompanhou na Direção de 1993 a 2002, contribuído no engrandecimento desta emblemática instituição.
A morte é sempre cruel, mesmo com 95 anos, porque nos deixa mais pobres de amigos. O seu perfil como homem adaptava-se a um mundo perfeito, que este não o é. A sua alegria de viver, bondade, inteligência, lealdade, humor, espontânea liberdade de dizer o que pensava.
Encantos que mergulham a mim e a quem o conheceu numa grande tristeza.
A Direção da A.A.A.C.L. apresenta à sua dedicada família as mais profundas e respeitosas condolências.
Eng. Pinto de Sousa
07.11.2020
FIRMADOS NA SOLIDARIEDADE QUE APRENDEMOS NO COLÉGIO DE LAMEGO ACOMPANHAMO-VOS NA DOR
OS CORPOS SOCIAIS DA AAACL
PAZ A SUA ALMA
Partiu para a eternidade o nosso colega Francisco Laranjo, que foi renomado pintor e apreciado professor e diretor da Faculdade de Belas Artes do Porto.
Com a alma ainda sobressaltada pelo seu falecimento, celebramos a vida em toda a sua plenitude.
O Laranjo era vida e vida em abundância:
- Genial e talentoso, como Homem das Artes, deixa-nos obra que o engrandece e imortaliza e nos eleva em espiritualidade;
- Simples, educado de fino humor, lúcido e amigo, como cidadão e colega deixa-nos exemplo de Homem inteiro e inspirador.
Paz à sua alma, hino e glória à sua memória.
Os Órgãos Sociais da AAACL
Meus amigos, antigos alunos e membros da Associação dos Antigos Alunos do Colégio de Lamego: no passado dia 1 de Janeiro morreu, com 84 anos, o antigo aluno Abílio Manuel Magalhães Baptista Ribeiro, natural do Pinhão. A sua personalidade foi célebre na década de 1950; poucos saberão porque grande parte dos alunos desse tempo já não está entre nós. Assim recordo quem foi esta popular figura.
O Abílio Baptista, assim reconhecido, era um grande desportista com habilidade em vários desportos, futebol, voleibol (jogou no F.C.Porto) e um exímio jogador de ping pong , imbatível em todas as competições fosse qual fosse o adversário. Em todas estas modalidades representou o Colégio contra adversários de várias escolas (Liceu de Lamego, Vila Real, Viseu, etc) sendo brilhante. Era impulsivo, tinha o coração na boca que lhe dava a força para dizer o que sentia, por vezes sabendo que não era reconhecido. Mas o Abílio, com o seu feitio muito próprio, era de uma generosidade e lealdade imensa para com os seus amigos que tanto exaltava.
Tive o privilégio de ser um dos seus maiores amigos desde os meus 14 anos (1954), contudo a sua ligação com o meu irmão António Manuel, também antigo aluno e da mesma turma que nos deixou em 2008, unindo-os uma grande cumplicidade. A grande ligação de amizade ultrapassou as raízes deste Colégio, mantivemos uma grande união tanto no lazer como na vida profissional, exercendo a sua atividade na mesma empresa que eu.
Abílio meu nosso grande amigo, a tua imagem e o modo como soubeste lidar com a vida são uma recordação que ficará gravada para sempre, enquanto tivermos memória.
Manuel Pinto de Sousa
3/1/2023
A Associação dos Antigos Alunos do Colégio de Lamego vem por este meio, deixar aqui, os sinceros pêsames e votos de condolências a toda a sua família.
Os Órgãos Sociais,
AAACL
Naquele dia triste e plúmbeo do mês de novembro de 2022 a notícia chegou rápido e brutal e parou a nossa atleta: Manoel Ademaro faleceu! Tinha 88 anos.
Apoderou-se nesse momento dos seus amigos o pavor incrédulo da visitação da morte e realizou-se, mais uma vez, o fascínio e o enigma do homem como navegante condenado à errância da viagem sem retorno. Mas ele nunca foi ministro embora e está de volta nesta memória que grava a sua ausência e inclui dever de memória indeclinável que um silêncio inexplicável tem contrariado.
Foi difícil pensar um mundo sem ele, pois um mundo sem ele não é o nosso mundo, é um mundo diminuído onde falta o gesto terno e elegante, compassivo, o olhar profundamente longo e humano desse homem que tinha a felicidade de conhecer de perto.
Deixou um legado de grande humanismo. Uma vida feita de coragem e integridade mas também de harmonia, leveza e prazer de estar com os amigos. Existe em Manoel Ademaro uma personalidade esplendorosa e culta e uma obra que foi realizada na flor da idade e quem os deuses, por muito o amarem, o chamaram para planos superiores e o acarinham e agasalham agora.
Manoel Ademaro era uma pessoa fraterna, generosa e sempre presente, desde o furioso incêndio juvenil de aluno do Colégio de Lamego, essa instituição lendária de ensino, ao fogo crepuscular da sua vida, ameaçado já pela doença. Perdeu-se uma vida onde os meandros subtis dos sentimentos o relacionavam com os colegas e onde pairava uma atmosfera de magia e encanto que servia de alimento a todas as grandes amizades que fizeram na vida.
Manoel Ademaro amou intensamente os seus colegas, o colégio de Lamego, o velho casarão da Ortigosa, o seu patrono, D. Vicente Moraes Vaz, o maior e mais conspícuo diretor que o colégio teve, artista supremo, com os mais belos saraus que o colégio e a cidade de Lamego tiveram a seu tempo.
A personalidade que perdemos, Manoel Ademaro, o nosso amigo mais íntimo, não se pode meditar, mas podemos lembrar o que nos deixou, o olhar atento sobre a importância de “nós” como participantes da vida de outros; O olhar poderoso atento sobre as coisas simples e os momentos, ainda que breves, que podem transformar o trivial em excepcional, a emoção pela observação o envolvimento crítico pelo amor, a responsabilidade pela consciência: as celebrações que dão razão à vida; a família e compromisso dos rituais que a ligam e guiam a vontade de encontrar em cada dia um pretexto de estar vivo, vivendo na intimidade das relações que criamos com as pessoas, os lugares e os objetos que cercam a nossa vida.
Manoel Ademaro ensinou-nos a ser mais na aprendizagem de vida, pela liberdade.
Nota introdutória por:
Eng. Pinto de Sousa
Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAACL
19/10/2022
Este texto elequentemente escrito pelo Eng. Duarte Xavier de Campos é tão interessante, envolvente e bem humorado que será um prazer usufruir da sua leitura.
Descreve a sua passagem pelo Mosteiro de Singeverga que frequentou dos 9 aos 15 anos, ingressando no Colégio de Lamego para concluir os 6º e 7º anos.
Entrou na Universidade do Porto, concluindo o curso de Engenharia Eletrotécnica e exerceu outras funções de relevo na CP, sempre como técnico superior, com o seu habitual zelo e relevância. De 1983 até 2002 pertenceu à primeira direção da AAACL como secretário da direção, dirigida pelo primeiro presidente o saudoso Dr. José Cardoso da Rocha e como vogal César Augusto de Castro. Este cargo foi exercido sempre com entusiasmo e competência.
A publicação deste histórico testemunho no nosso site enriquece a nossa associação que permite dar a conhecer factos que a maioria decerto desconhecia e homenageia um homem que prestou com inteligência inegáveis préstimos em todas as atividades que a vida o enfrentou.